"- Ele vai ouvir o meu chamado a uma milha de distância, ele cantará minha canção preferida, ele pode andar com um pônei ao contrário. Faço encanto de amor verdadeiro, chama-se Amas Veritas. Ele pode virar panquecas no ar, e sua forma preferida será uma estrela. E ele vai ter um olho verde e um olho azul.
- Pensava que não queria se apaixonar.
- Essa é a questão. O homem que desejo não existe. Logo se ele não existe, não vou sofrer."
(Practical Magic - Sally e Gillian Orwens)

O homem que desejo não existe. Ou pior, ele existe e eu desconheço sua existência e localização.
É incrível como cultura são nos passadas de geração a geração, e mesmo sabendo que estas não passam de fantasias, defendemos e passamos adiante para nossos filhos, que continuarão o ciclo.
Estórias e contos de fadas existem e, desde o começo de nossas vidas, somos rotuladas como fadinhas e princesas, que em determinado tempo da vida são cortejadas por um príncipe lindo e perfeito, que abrirá mão até da própria vida em prol desse grande e puro amor.
O que esquecem nossas mães, é que existem sentimos que, muitas vezes - pra não dizer a maioria, se tornaram muito mais importantes e essenciais do que este amor.
Egoísmo existe, faz parte do subjetivo de milhões de pessoas. Ou seja, o príncipe que abre mão de tudo pela linda princesa, ou não tem dentro de si o egoísmo - o que eu acho muito difícil, ou é apenas algo criado pelo subconsciente de alguns, e passado adiante pela cultura, para os outros.
Vaidade, outra coisa presente no ego de cada um. Na verdade - se pensarmos bem, o que faz aquela linda princesa aguardar seu amor pressa em uma torre? Para mim, nada além de sentir o ego estufado por ver cavaleiros lutando com dragões e monstros, pelo bem e liberdade da menina indefesa.
E o que faz esperar por esse ser, esse humano cheio de glória e bondade, totalmente necessário para o seu "felizes para sempre"? Nada além de uma cultura adquirida quando ainda se têm fraldas entre as pernas.
Essa cultura é como uma rede, onde somos meras pontas que ligam uma corda na outra, e não nos atrevemos a nos desligar. Além de não nos atrevemos, ainda defendemos com unha e dentes a mesma, dizendo que sim, o homem ideal existe e, uma hora ou outra, aparecerá.
Fantasias de princesas são vendidas em toda data comercial, ou seja, data em que presentes se fazem necessários pela cultura que é imposta a nossa sociedade. Com essas, são vendidos conceitos; conceitos esses de que fugir da bruxa é o certo, se trancar numa torre e aguardar o herói é o correto; lutar com suas próprias armas não é coisa de menina.
Ao mesmo tempo em que existem a cultura, existe a contra-cultura. Fugir da mesmice da sociedade não é uma tarefa fácil - nada fácil. Porém me contento em apenas fugir do senso comum, dessas fantasias estipuladas pela multidão, me contento em apenas não esperar meu "príncipe".
Quero um homem, real, com defeitos, cheio de egoísmo e verdade. Quero distância de príncipes encantados, fúteis e bem vestidos. Cansei de ser princesa, cansei de esperar dentro da torre, a cultura machista "me salvar". Enjoei de ser fada, me deixe ser bruxa, que eu espero meu mago.

1 comentários:

Anônimo disse...

Nica, como você mesmo descobriu, os príncipes só exitem nos contos de fadas e isto é bom! Já pensou se tudo fosse perfeito? Se tudo desse sempre certo? Morreríamos de tédio!! Não lutaríamos, afinal para que lutar se a vitória já é certa? Bom mesmo é sermos simplesmente humanos constituídos de qualidades e defeitos que nos fazem seguir em frente. As lágrimas, as cicatrizes não são sinônimos de derrota, mas sinais de houve luta, garra, vontade.
A vida não é feita ´nem de príncipes e nem de magos. A vida é feita de pessoas que erram, acertam, ferem e fazem sorrir.
E com certeza você vai encontrar alguém especial... Me orgulho de você! Te amo!

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